As fotos que faltavam

Finalmente Santiago

Finalmente a odisseia acabou. Terminou com 904km percorridos e com 58 horas de pedal divididas por 10 etapas.

Estava à espera das fotos da chegada para colocar este post, mas como ainda não chegaram, coloco-as mais tarde.


Ontem encontramos-nos com as meninas na praça da catedral como estava combinado. Comemos uma bela de uma costoleta de ternera, fizemos as comprinhas da praxe e fizemos-nos à estrada, pois as saudades de casa eram muitas.

Eu diria que experiência vale a pena, o saldo é completamente positivo. Ingressar numa rota de vários dias em que nos obriga a uma rotina completamente diferente e em que ao fim do dia o cansaço não é tanto intelectual mas mais fisico é algo que a maior parte das pessoas que nos acompanharam neste blog nunca experimentaram.
No caminho de Santiago vimos de tudo, desde jovens que percorriam o caminho como se um campo de férias se tratasse, a pagamento de promessas ou simplesmente ao cumprimento de um desafio. Num dos dias apercebi-me que o meu livro guia tinha sido assinado por mim em 2003, à muito que estava à espera.
Conversamos com pessoas das mais diferentes origens, mas o mais engraçado era que as únicas coisas em comum conosco era a próxima seta amarela e uma permanente sensação de satisfação por estar a realizar o caminho. Era engraçado ver o sorriso de alguns dos peregrinos quando passavamos por eles, tão engraçado que eu e o Nelson logo a seguir comentavamos: "viste o sorriso..."
Na véspera do inicio da viagem comentavamos entre amigos que por vezes estes desafios trazem sorte. Posso-vos garantir que se trazem não sei, mas que existem momentos mágicos existem. Há situações que ficaram gravadas nas minhas memórias das quais não sou capaz de escrever, momentos que só lá indo para ver como é.

Espero que ao acomnharem esta viagem tenha conseguido despertar em voçês um bichinho de curiosidade, se algum dia puderem experimentar avancem.


Obrigado por nos darem força durante estes dias, o blog era a nossa ligação a casa, á familia e aos amigos.

Um bem haja a todos e fica aquele abraço.
Ricardo

Arzua - Santiago de Compostella (epílogo)

Após um périplo de 9 dias, durante o qual enfrentei, montanhas, pedras, rectas intermináveis, fome, sede e falta de conforto, estou de regresso a casa com a alma purificada.
Quando uma pessoa fica longe dos seus, sem conforto e com a casa as costas, vimos o mundo de outra forma, toda pessoa que esta caminhando é igual a qualquer outra, não há ricos nem pobres, foi o que senti durante a viagem.
Durante esta aventura levamos o nosso corpo, e a nossa alma a um ponto de ruptura, que nos obriga a mudar o nosso ponto de vista em relação ao que conhecemos. Todos os dias temos que nos concentrar no objectivo final, que não é chegar a praça da catedral de Santiago, seria muito fácil, mas sim o que é que vou melhorar depois desta experiência em relação a minha vida pessoal e com as outras pessoas.
Fica aqui uma parte da conclusão desta aventura, o resto fica para mim…
Como já disse estou de regresso a civilização, e a partir de agora é sempre “roda no ar”
Nelson

Sarria - Arzua

Com 80km feitos hoje ficamos a apenas 37,5km da catedral de Santiago. O marco instalado em frente do nosso albergue comprova isso.

O dia foi passado num verdadeiro sobe e desce por entre aldeias e bosques de carvalhos.

Demanha estava muito frio, estava um nevoeiro que teimava em nao levantar. A certa altura até vestimos os casacos. Pela tarde veio o sol e tudo melhorou. A luz que penetrava no bosque era um espetaculo.

Ainda tentamos que a Paula antecipasse a viagem de resgate dos peregrinos para hoje, pois para nós era fácil chegar e a vontade de regressar era tanta..., mas tal nao foi possivel e entao cá estamos a escrever o penultimo post desta viagem épica.

Já fomos comprar os ingredientes para o nosso ultimo jantar e para o nosso ultimo pequeno almoço. Amanha temos a manha toda para cumprir o percurso de 40km, o objectivo é nao transpirar e nao nos sujarmos, o nosso pequeno contributo para o bem estar das meninas Paulas durante a viagem de regresso a casa.

Amanha ou depois colocaremos as fotos da chegada a Santiago.

Villafranca del Bierzo - Sarria

Depois de uma tarde e uma noite de sabado, passo no albergue de Ave Fenix, o tal que parecia o "far west". Acordamos para a ultima etapa de montanha, subida ao Cebreiro, que começou muito bem, tivemos que desmontar das bikes ao inicio porque era muito inclinado e com muitas pedras molhadas. Portanto durante 1.5Km foi a pé, depois conseguimos finalmnente a pedalar para inclinaçoes muito acentuadas até ao fim, onde desfrutamos de uma vista para o vale espectacular. A partir do Cebreiro começamos a descer e subir até aos 1320m de altitude, para depois descer até Tricastela, onde iniciamos outra subida até 900m, e durante esse percurso todo nao encontramos nenhum comercio o loja para comprar comida, ainda bem que fomos prevenidos. A seguir foi sempre a descer até Sarria onde ficamos num albergue muito confortavel, isto é merecido em relaçao ao dia anterior que era pessimo em termos de limpeza, tivemos mesmo que utilizar pela primeira os nossos colchoes colocando em cima do colchao da cama...

Terminando a etapa de hoje com 70Km, estamos naquela que é ultima cidade antes de Santiago, a previsao de chegada na Terça-feira mantem-se.

Astorga - Villafranca del Bierzo

Já estamos de banho tomado e com a roupa lavada. Apesar de termos tido a subida do monte Irado, hoje foi um dia mais calmo. Paramos com 80km.
Tanto a subida como a descida sao espetaculares. Valeu a pena esperar por estes dias.

O lugar da cruz de ferro é de facto um lugar estranho, tao estranho que nao o consigo descrever. Quem quiser saber mais tem de lá ir.
Despois de 20km a descer por caminhos de terra fomos ter a Ponferrada, onde almoçamos. No almoço lembrei-me do Tio Alfredo, fica aqui aquele abraço.

A paragem neste lugar, Vilafranca del Bierzo, é uma paragem estratégica para a subida de amanha. O albergue é estranhissimo, mas fomos recebidos por um rapaz muito simpatico, o Henrique. Ele é brasileiro, de Sao Paulo e nascido na maternidade de Julho. Claro que o comentário foi: "este mundo é mesmo pequeno!". Quando lhe perguntamos se havia vaga a resposta foi: " Há, mas se nao houvesse arranjava-se. Faz parte do espirito."

Amanha temos mais uma etapa de grande valor simbolico para quem faz este caminho, a subida ao Cebreiro. Espero qure corra ao bem quanto a de hoje.

Queria pôr duas fotos mas o pc nao dá. Ficam para amanha.

Estamos em Astorga

Finalmente chegamos a Astorga, depois de dois dias "green desert" amanha voltamos a montanha. Tudo começou há dois dias em Ages, nesse dia fizemos 130Km com uma média de 18Km/h, e paramos no meio de nada só havia o albergue e um restaurante, essa localidade chama se Calzadilla de la Cueza, no dia a seguir (hoje) arrancamos com o pequeno almoço no bucho, para fazer outros 130Km com uma média de 21Km/h para chegar a Astorga.

Hoje só fizemos 500m em terra, o resto foi tudo em alcatrao, salvo exepçao de umas rampas perto da chegada foi tudo plano, até dava para ver a cordilheira Cantabrica na sua totalidade, isto tirava um bocado da monotomia do percurso.

Estes 260Km a pé devem ser desesperantes...

Hoje quando passamos por Leon estavam 27 graus, muito calor, o Nelson tem as marcas do capacete na careca.

Vamos dormir um bocado para ver se passamos a montanha nos proximos dias.

PS: Paula actualiza o pino PF

Nao sei actualizar o mapa

Paula, pf, avanca o pino.
Estamos um pouquinho antes de Burgos.

Obrigado

Logroño - Ages

Hoje temos pouco para contar. Saimos às 7h e chegamos às 16h com 110km feitos. Tinhamos previsto ficar a meio da subida, mas acabamos por subir tudo e resolver de uma vez. Como diria o André: "Já tá!".

Na realidade estamos a fugir dos grandes centros, pois sao demasiado confusos. Assim, optamos por ficar em Ages. Uma aldeia com 3 casa, um café e um albergue já lotado. Com esta opçao colocam-se outras dificuldades, é que neste caso o café, o restaurante, a mercearia e o albergue sao todos do mesmo dono, o que inflaciona um pouco os preços.

Hoje o dia começou com uns 4 km'snum parque verde á saída de Logroño. O jardim era enorme, incluia um lago, imensos caminhos alcatroados e uma enorme area para crianças. Até esquilos vimos. deu para melhorar um pouco a imagem da cidade, já que nao gostamos muito.

Depois de almoco enfrentamos os 1165metros naquela que seria a ultima grande subida antes das planicies de Burgos.

Podem ver as altimetrias das etapas em: http://www.aucoeurduchemin.org/spip/spip.php?article&id_article=774

Hoje aconteceu o mesmo de ontem, ao 12h levantou-se um, vento contra nós que as bicicletas até andavam de lado. Espero que passe rapidamente, pois as etapas que vêm aí com vento serao desesperantes.

Puente de La Reine - Logrono

Ficamos tao cansados de ontemm que hoje paramos às 14.30, mesmo assim fizemos 75km. O nosso objectivo era parar um pouco mais à frente (15km), mas enfim optamos assim porque desta forma tinhamos mais tempo para descansar e assim a roupa tinha tempo de secar.

A paisagem de hoje mudou radicalmente. Passamos da floresta para os campos de trigo. A etapa nao teve beleza nenhuma. Primeiro rectas infindaveis de sobe e desce, depois um caminho muito seco à volta da N111 que mais parecia o percurso de uma maratona a procura de acrescentar KMs.

O Albergue de ontem era bastante comercial, nao se sentia qualquer espiritualidade, notava-se que havia muitas empresas a utilizarem os albergues para grupos. Antes de pedirmos as nossas camas estava um Senhor a pedir 7 camas para um grupo que iria chegar mais tarde e ele estava de carro. Na realidade esta vila recebe peregrinos de duas rotas que se unem ali. Os que vêm de Roncesvalles, como nós e os que vêm de Puerto de Somport, daí haver muiti mais gente.

É impressionante ver a quantidade de pessoas que fzem o caminho.

À pouco comentave com o Nelson se ele tinha visto um casal aí com uns 60anos que caminhavam de mao dada. É engracado com duas pessoas que depois de 4 dias a caminharem duro ainda têm disposicao para caminhar alegremente.

Encontramos tambem o Valter, um brasileiro de camisola do brasil vestida e bandeira na mochila,l nao fosse ele um brasileiro. O Gajo em pouco tempo derreteu toda a nossa dor. Entao nao é que o tipo está a fazer o caminho a correr. Ontem tinha feito 67 km. Em relacao a nos só nao fez a primeira subida. Disse que todos os anos faz este caminho. " O corpo precisa de sofrer. Promessas!".

Amanha vamos continuar com a mesma vontade, mais sofrimento e satisfaçao. Estranho!!!

St. Jean Pied de Port - Puente de la Reine

Olá e obrigado pelas vossas mensagens. Aqui de longe sabem mesmo bem!

Ontem foi de facto um dia extremamente dificil. Fizemos os Pirineus todos de uma vez. Chegamos ao albergue eram já 18h30, o que na nossa rotina é muito tarde. Fomos directo ao super comprar comida. Devoramos um pacote inteiro de massa com um molho esquisito.

Bom sobre a etapa, posso vos dizer que é de fazer inveja. Apesar de termos apanhado chuva, o percurso desenrola-se sempre dentro de uma densa floresta em caminhos fechados e super divertidos. Ao meio-dia tivemos de parar para comer dois bocadilhos e duas coca-colas. Para terem uma ideia, tinhamos arrancado às 6.30 e às 12h tinhamos 35km dos quais 27 tinham sido a subir. Os bocadilhos deram tal energia que a partir daí foi sempre a andar até ao Puente de La Reine. De uma forma siples de dizer foi subior dos 200 aos 1057 metros de altitude.

Em St. Jean Pied Port estava conosco um Espanhol, um Françês e dois Croatas. À excepçao do Espanhol todos os outros eram homens já reformados. É de admirar a paz de espirito comque eles encaram o desafio. O Françês já vinha de Paris e contava fazer 1 mês e dois dias a pé até Santiago.

Durante o percurso passamos por imensos grupos de caminhantes, todos nos cumprimentam com um ar feliz e satisfeito, dá gosto ouvir o: "Olá, bon camino".

Hendaye - Puente la Reine

Infelizmente, na terriola onde os nossos rapazes pernoitaram não havia internet razão pelo qual, sou eu, a Paula, a vos escrever estas linhas.Bem-haja os telemóveis, caso contrário, estaria preocupadíssima por não ter noticias deles. Ora bem, a pedido do Sr. meu Marido, informo vos que ontem (segunda-feira) conseguiram concluir mais uma etapa. Hendaye - Puente la Reine. Difícil, muito difícil, segundo o Ricardo. Foram 100 km que custaram a concluir, mas a meta foi ultrapassada, depois 8 horas de suplício em cima daquela nova “amiga”, a bicicleta.Amanhã, se encontrarem um PC com portas USB e net, eles dão notícias e esperemos, que comecem com a reportagem fotográfica.

Hendaye - St. Jean Pied de Port

Jà estamos em St. Jean Pied de Port.
Depois de uma viagem em que quase fomos postos fora do comboio, pois tinhamos bilhetes para dia 3 e não para dia 6, e um Egipcio que nos obrigou a comer comida (tangerinas, nozes, tamaras), là chegamos a Hendaye.
O ceu estava negro mas montamos as bicicletas e fizemo-nos ao caminho.
Foram 75km numa estrada espetacular. Começou com uma primeira parte junto ao mar até St. Jean de Luz, virando depois para o interior em direcção às montanhas. O percurso é muito verde e viemos sempre na companhia de outros ciclistas pois hoje não deixa de ser domingo.
Chegamos aqui ao meio-dia, jà temos cama, jà tomamos banho, jà lavamos roupa, jà dormimos uma sesta e bom, vamos dar uma volta pela vila e jantar.
Amanhã temos a montanha à nossa espera. O objectivo é chegar a Puente la Reina.

Paula, obrigado pelo farnel. Ainda dura.
O pc onde estamos é um pc economico, não portas usb, portanto hoje não hà fotos.

A partida...

O dia D chegou!
Começamos a nossa jornada com uma lágrima de saudades.
A viagem que nos levará ao ponto de partida vai durar toda a noite. Temos previsto chegar de manhã e de manhã iniciaremos a primeira jornada por terras espanholas.

As bicicletas vão nos caixotes. Dentro dos sacos levamos roupa (pouquinha para não pesar muito), alguma comida, saco cama, toalha, documentos, chinelos e claro a máquina fotográfica, enfim, apenas o indispensável para 9 dias de peregrinação.

Até breve…

Sexta-feira falta um dia para a partida, estou aproveitando os últimos dias de conforto para comer, dormir e descansar, porque depois não sei o que me espera....
Aqui nesta foto estou comemorando a partida do Ricardo, companheiro de viagem para Santiago, que vai mudar de empresa.
Desejo-lhe boa sorte, porque já tenho saudades dele.
Ninguém iria imaginar tal cenário quando combinamos a viagem para Santiago há uns mês atrases: o ultimo dia de trabalho na actual empresa, coincidir com a partida a Santiago.
Mas a vida é assim temos que olhar para frente, e não viver do passado, haja saúde porque o resto é só conversa.

Já temos bilhetes

Já temos os bilhetes. Agora temos mesmos de ir. Forma 81€ da minha alma!!!

Quase, quase, quase...

A decisão está tomada. Vamos hoje comprar os bilhetes para o comboio.
A partida é no próximo sábado, dia 6 de Junho às 18.42 na Pampilhosa com chegada a Hendaye ás 7.10.
Durante o dia de Domingo faremos a ligação para a cidade onde, na segunda-feira, iniciaremos o caminho, S. Jean Pied de Port, FR. Pensamos que serão uns 80km.